Inquérito concluído

Cinco são indiciados no caso da menina imprensada por alegoria

Os acusados vão responder por homicídio doloso

Raquel morreu dia 22 de abril de 2022
Raquel morreu dia 22 de abril de 2022 |  Foto: Reprodução
 

A Polícia Civil concluiu, nesta quinta-feira (26), o inquérito sobre a morte da menina de Raquel Antunes da Silva, de 11 anos, que foi imprensada entre um poste e um carro alegórico da Escola de Samba Em Cima da Hora, da Série Ouro do Carnaval, em abril do ano passado. Foram indiciados o presidente da escola, o engenheiro técnico responsável, o coordenador da dispersão encarregado pelo acoplamento e guia do reboque, o motorista do reboque e o presidente da Liga das Escolas de Samba da Série Ouro (Liga RJ). Todos os cinco responderão por homicídio doloso (com intenção de matar). 

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No relatório do inquérito, é apontado que o veículo apresentou faltas de manutenção, oferecendo desta forma riscos graves de acidente e incêndio. Além disso, foram descumpridas normas técnicas e cometidas irregularidades no que diz respeito ao Código Nacional de Trânsito.

Também foram identificadas pelos policiais falhas no acoplamento do carro alegórico e na orientação do deslocamento do veículo. O relatório ainda apresenta a ausência de fiscalização por parte da entidade responsável no dia do evento.

O que disse a escola

Flavio Azevedo da Silva, ex-presidente da agremiação, disse que ele era o responsável por acompanhar a dispersão. Segundo o depoimento, quando houve o “problema com a menor Raquel, notou uma parada anormal no movimento do comboio” e, logo após, viu um funcionário do Carvalhão sinalizando.

Medidas não seguidas

Wallace Alves Palhares, presidente da Liga-RJ, disse à Polícia Civil que as anotações de responsabilidade técnica (ART) e fiscalizações feitas pelo Corpo de Bombeiros são uma exigência para 2023. Essas medidas entraram em vigor após a tragédia que matou Raquel. 

Ele também admitiu que a Liga não faz nenhum tipo de vistoria em barracões ou mesmo nos carros alegóricos. 

A Promotoria de Infância e Juventude, no entanto, havia pedido a liga, em 2019, que providenciasse seguranças para evitar que crianças subissem nos carros alegóricos, principalmente no momento de concentração e dispersão. Quando questionado sobre isso, Palhares disse que não tinha conhecimento por não ser presidente na época.

Documentação não entregue

Segundo o Corpo de Bombeiros, somente 6 agremiações mirins, além da Viradouro e da Vila Isabel, do grupo Especial, entregaram as documentações necessárias para desfilar. Nenhuma da Série Ouro, no qual a Em Cima da Hora faz parte, entregou o documento.

Por meio de nota, os militares informaram que, neste ano, vão contar com "brigadistas (bombeiro civil) dando suporte técnico para em caso de algum sinistro ou incidente de combate a incêndio" na Sapucaí. Já a orientação de foliões e staff na dispersão vai ficar a cargo da Guarda Municipal. 

Relembre o caso

A jovem foi imprensada pelo carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora, durante os desfiles que abriram o carnaval no Rio de Janeiro. Ela ficou internada no Hospital Souza Aguiar em estado gravíssimo, precisou amputar a perna direita, mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.

Durante a cirurgia, a menina teve uma parada cardiorrespiratória, além de traumatismo no tórax e necessitar de aparelhos para conseguir respirar. De acordo com uma funcionária do hospital, Raquel morreu devido a uma hemorragia interna.

De acordo com as autoridades, ficou constatado que o carro alegórico foi rebocado de forma errada e sem visão para o motorista.

Além disto, o laudo aponta outras falhas no processo, como:

  • A alegoria apresentava problemas no motor, sendo assim, necessitou ser rebocada, mas durante o processo, o acoplamento foi feito de forma errada, com correntes e parafusos irregulares. Desta forma, o veículo estava balançando para esquerda e direita.
  • Quando o veículo estava saindo, havia somente supervisão de dois guias: um do lado esquerdo e outro na parte da frente. Do lado direito, onde Raquel foi imprensada, não havia ninguém para orientar e alertar sobre o poste no caminho.
  • O lado direito do caminhão estava com a luminosidade baixa.
  • O poste em que o acidente ocorreu foi erguido em desacordo com as normas da ABNT, ou seja, não deveria estar ali. Além de não possuir luminosidade.
  • Não havia isolamento adequado da Rua Frei Caneca, via de escoamento das alegorias, permitindo a circulação desordenada de pessoas.
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